No meio da agitação em que vivemos, entre carreira, família, necessidades, vontades e outros, eu sempre me pego questionando tudo.

Com certeza todos fazemos isso. Esse período de avaliação está sempre presente no nosso cotidiano, porém a forma como fazemos isso nem sempre é a mesma.

Muitas vezes me pego fazendo isso em forma de música, outras vezes em forma de uma pintura, outras vezes em forma de lágrimas e outras vezes em forma de desabafo. Hoje vou desabafar.

Influências do meu pai

Meu pai, um homem cheio de ideais e convicções, músico excepcional, brasileiro fervoroso, nunca me incentivou a seguir carreira na música.

Primeiramente, eu nunca entendi muito o porque ele que sempre teve tanta paixão pela música, que dava discursos fervorosos sobre a arte e a cultura, não queria que sua filha fizesse parte deste mundo. Isso me parecia controverso. Mas não demorou muito para eu entender.

Eu vivi toda minha vida com música ao meu redor. Eu morava em uma escola de música quando era pequena, vivia nos bastidores dos shows dos meus pais, eu montava a bateria do meu pai antes do show, e sempre quis ser como a minha mãe que saia de casa linda, com vestidos longos brilhantes.

Tudo era muito cheio de glamour e beleza.

O início da minha história com a música

Quando eu tinha seis anos, meu pai começou a me ensinar bateria, eu logo comecei a realmente me interessar pelo estudo e quando meu pai percebeu que era sério o meu interesse pela música, ele logo tratou de me jogar um balde de água fria. Nunca tinha tempo para as minhas aulas.

Além disso a maior preocupação deles, sempre foi com os meus estudos.

Com muito esforço eles sempre me proporcionaram as melhores escolas, chegando até mesmo se mudarem para os Estados Unidos para que eu pudesse estudar e aprender outra língua.

Lá eu sempre participava de testes vocacionais que indicavam a minha ligação com a arte e criação. Passei a estudar tudo dentro da área de criação, até mesmo, programação onde eu me divertia muito criando programas para computadores.

Com 18 anos, meus pais decidiram voltar para o Brasil e aqui eu tive que decidir o que eu faria para o resto da minha vida!

Nossa, que dramalhão tudo isso. Como pode alguém com dezoito anos decidir o que fazer pelo resto da vida? Então eu não decidi nada na verdade, a vida foi me levando e como não podia ser diferente, lá estava eu, em um palco cantando exatamente como a minha mãe.

Meu pai nunca questionou a minha escolha, nunca elogiou muito também e nem desaprovou, então eu logo me casei e me tornei mãe e junto com isso cresceu a vontade de me estabelecer no mercado de uma forma mais séria e profissional. Foi neste momento que eu finalmente comecei a entender o meu pai.

Se estabelecer no mercado musical não é exatamente algo que depende dos seus esforços, ou capacidade.

Talento quase nunca é levado em conta | Desabafo de artista

Também o talento, quase nunca é levado em conta, mas como uma guerreira que sou bati o pé, continuei caminhando, fiz quase tudo absolutamente sozinha e cheguei até aqui. Um pouco cansada confesso, mas com muita bagagem nas costas.

Nestes últimos tempos, com a chegada da minha filha, tive bastante tempo para refletir. Percebi então que todo este conhecimento que adquiri poderia ajudar outros que estão neste caminho. Foi ai que o meu mais novo projeto nasceu.

Ainda é cedo para falar sobre isso, mas em breve eu terei novidades, para pessoas que como eu, estão caminhando sozinhos por este mercado tão difícil. Espero poder ajudar muitos talentos que estão escondidos por ai a ter um pouco de espaço.

O rancor com a arte | Desabafo de artista

O rancor que meu pai carrega, é pela arte ter se tornado um mercado. Um mercado injusto e desleal. Carregamos a responsabilidade como artistas de promover a cultura, e sei que fica difícil as vezes pensar nisso quando se tem contas para pagar.

Esse é um assunto muito extenso que eu teria que escrever um livro para colocar todas as frustrações que nós artistas vivemos, mas lembrar a nossa função é fundamental.

Por trás do palco existe muitas aflições e inseguranças.

Nem tudo na arte é glamour, por isso precisei fazer este Desabafo de Artista.

Nossa arte, é o reflexo direto da nossa história e como cidadãos temos o dever de reconhecer que somos nós quem escrevemos ela!

Paula Bressann