Saiba mais sobre produção musical com Luizinho Mazzei

Muitos não sabem que até um disco chegar nas prateleiras das lojas, ele passa por diversos processos que vão muito além da simples captação do áudio. Um disco depois de ser captado “gravado” tem que ser mixado, masterizado e etc.

Para músicos todo esse processo já é bem conhecido, mas para o grande publico, essas etapas passam despercebidas, deixando grandes profissionais escondidos e reconhecidos somente no meio musical.

Hoje vou apresentar para vocês, um destes profissionais, que da vida à captação do som, transformando-o em música.

Estou falando do produtor musical e engenheiro de som Luizinho Mazzei.

Primeiramente muito obrigada, por tirar um tempinho para esta entrevista. É realmente um prazer poder contar com a sua participação enriquecedora no meu blog.

Luizinho, meus leitores são na grande maioria apreciadores da música, e não somente músicos em si. Então, vamos começar falando um pouco sobre o que é ser um engenheiro de som?
R:
Podemos destacar diversas categorias.
Engenheiro de gravação = responsável pela captação de um disco ou um determinado instrumento ou voz.
Engenheiro de mixagem = especialistas em juntar todos os instrumentos gravados, equilibrar e somar para que tudo soe como uma única
Engenheiro de masterização = ultimo processo de um disco. É o responsável que envia o material a fábrica para ser comercializado.
Profissional responsável para que todas as faixas de um disco, soe por igual, com o mesmo volume, mesmo timbre, dando uniformidade as músicas e ao projeto total.
Engenheiro de PA = responsável pela mixagem de shows ao vivo. O som que é direcionado ao público. A sigla PA significa public address (endereçado ao público).
Engenheiro de monitor = responsável pelos retornos dos músicos em cima do palco. Sejam eles feitos através de fones de ouvido ou caixas acústicas, mais conhecidas como retornos ou monitores.
Engenheiro de tv = responsável pela sonorização de programas de tv, telejornais, novelas, programas de auditório com som ao vivo. Muitos são chamados de sonoplastas.
O verdadeiro engenheiro de som, da área que atuo (música), precisa saber compor dezenas de conhecimentos, entre musicais, técnicos e principalmente, saber o elo entre esses mundos.
O técnico basicamente é ter o conhecimento sobre microfones, consoles de gravação e mixagem, níveis de sinais, compressores, equalizadores, efeitos e afins.
O musical é conhecer sobre ritmo, harmonia, arranjos, afinação, timbres, interpretação e afins.
E o casamento entre esse mundos é saber utilizar das ferramentas técnicas dentro de cada música.
Saber como um compressor pode mudar a dinâmica de um instrumento sem alterar seu timbre original, saber respeitar a característica de cada músico e seu instrumento, saber encaixar a voz dentro de um equilíbrio perfeito para que a mensagem (composição) seja passada ao ouvinte com clareza, firmeza, sem desvalorizar a parte instrumental e conseguir alcançar um timbre radiofônico, para que a canção possa soar agradável aos ouvidos de todos.

Você já atua no mercado fonográfico à 15 anos. Quais foram os seus principais trabalhos?
R:
Na real, esse ano (2012), completo 19 anos de carreira e 26 anos como músico.
Todos os meus trabalhos foram, são e serão importantes. A cada arranjo, cada música, cada álbum, você acaba aprendendo um pouco mais.
Meus projetos são cuidados com muito carinho. Independente se for de gravadora ou não, famoso ou não.
Roberto Carlos, Jota Quest, Daniela Mercury, Skank, Lulu Santos, Ricky Martin, Seu Jorge, Nx Zero, Jú Andrade, Emmerson Nogueira, Cláudia Leitte, Britney Spears, Pitty, Margareth Menezes, Mallu Magalhães, Alexandre Grooves, Maurício Manieri, entre muitos outros, fazem parte dos meus quase 20 anos de carreira.

Além de trabalhar como engenheiro de som, você também atua como produtor. Qual foi o disco que te trouxe mais satisfação em produzir?
R:
Produzir discos pra mim é algo muito íntimo. Não consigo aceitar nenhum convite, caso não me identifique com as pessoas, com o tipo de música e com a verdade nos olhos dos artistas, com o desejo real de fazer arte, de escrever uma verdade, tocar de verdade e atingir o coração das pessoas de verdade.
Não sei fazer por fazer…recebo dezenas de convites todo mês, mas não consigo ser desonesto com ninguém.
Vou citar três artistas independentes que produzi que acredito muito e tenho certeza do sucesso de ambos.
Graças a Deus, os três estão bem encaminhados, com a carreira indo bem e com boa projeção.
São eles : Ju Andrade (MPB), Banda Urbano (POP) e Kallak (POP).
No último disco da cantora Cláudia Leitte, também pude assinar uma faixa em parceria com Robson Nonato, seu produtor desde a época do Babado Novo, que também é meu parceiro no disco da Ju Andrade.
Também produzi um disco do Maurício Manieri que foi muito significativo pra mim.
Além de ser um artista que já vendeu mais de 3 milhões de discos, esse em especial foi em homenagem ao seu querido irmão, Marcelo Manieri, que era meu melhor amigo e produtor dos discos do Maurício.
Foi bem delicado aceitar esse projeto…um tanto quanto difícil e emocionante.

Hoje com o cenário da música independente emergente, muitas produções de garagem ganharam um imenso espaço. Como você enxerga essa mudança?
R:
Acho ótimo, porém perigoso. O mercado está mais aquecido do que nunca. Temos milhares de novos artistas, estilos, produtores, engenheiros e música…
Mas a minoria feito com o devido cuidado e profissionalismo.
Gravar, se tornou algo fácil com o adendo da tecnologia digital e com a melhora da economia do país.
Mas isso faz com que as pessoas produzam música sem qualidade técnica ou artística, lançando aos ouvidos dos consumidores, qualquer tipo de “porcaria”.
Esses profissionais tem vida curta e dificilmente atingem o estrelato.
Tanto que as gravadoras continuam trabalhando bastante e com seu “staff” de profissionais de sempre.
Todos merecem uma chance e espaço tem para todos, mas precisamos lapidar melhor nossos projetos.
Tenho recebido alguns discos independentes para mixar e a qualidade de composição e arranjos me surpreende cada vez mais.
Hoje os próprios artistas se tornaram especialistas em A&R (artista e repertório), cargo de grande responsabilidade dentro de uma gravadora, pois os mesmos escolhem seus repertories, staff de músicos, engenheiros, produtores e estúdios.

Você teria alguma dica de produção, para bandas que estão começando?
R:
Bom repertório e empenho ! Sempre será o caminho para o sucesso de qualquer projeto.
O caminho é árduo, mas recompensador quando feito com amor.
Tudo acontece na hora certa, não tente acelerar o processo, pois você estará desperdiçando foco !

Você também da palestras pelo Brasil inteiro sobre produção musical. Qual é a pergunta mais frequente dos seus ouvintes?
R:
Hehehe…essa eu escuto sempre ! “Dá pra viver de música ? Quanto ganha um produtor musical ? Dá pra ter casa e carro ?”
É triste mas é real…as pessoas não acreditam que ser músico é profissão e que como qualquer outra profissão, se você fizer bem feito, com carinho, amor, o reconhecimento chega.
O importante é acreditar sempre nos seus sonhos.

Onde podemos conhecer mais do seu trabalho?

www.luizinhomazzei.com
www.myspace.com/luizinhomazzei

Outros artigos que podem te interessar:

Quero ser cantora, por onde começo?
Como gravar um Cd?
O poder da divulgação na internet