Entender a letra e manter o peso. Esta é a proposta do novo álbum da banda de punk rock Subefeito. O som mantém inteligíveis as letras e ao mesmo tempo não transforma o punk em um pop. Na verdade, o punk ganha outras pegadas: vai do ska na música “Dizer o que tem que ser dito”, que dá nome ao álbum – lembrando os bons tempos do Sublime – até a pegada psicodélica na música “Reptilianos”. Um punk meio mutante e um clipe surreal: https://youtu.be/MtObqfmtYtc

O álbum “Dizer o que tem que ser dito” reúne letras que saem do estereótipo punk, mantendo parte da ideologia. Há músicas em que o protesto é direto, como em “Todo Mundo Fede”, músicas que falam de amor como em “Com Você”, que falam de atração carnal como em “Tudo o que você sempre quis dar” e que trazem o lado mais conceitual da vida: como quando você tem que chegar até alguém e, mesmo não querendo, precisa “Dizer o que tem que ser dito”.

O álbum é a evolução dos dois CDs anteriores do Subefeito: “Comedores de Lixo” em 2003 e “Parque de Exposições” em 2008. O som está mais redondo e a gravação, mixagem e masterização estão 100% profissionais, com produção musical de Rodrigo Itaboray. O trabalho foi totalmente independente. A expectativa é que o álbum atinja o público que ainda não conhece o punk. Letras que dão para entender, peso e bons arranjos podem quebrar o estereótipo que algumas pessoas têm do estilo e, quem sabe, fazê-las conhecer mais sobre o som que revolucionou o rock. E há quem diga que o punk foi “o último grande acontecimento do rock”. Porém, o álbum “Dizer o que tem que ser dito” do Subefeito pode ser o novo.

A banda começou em 2001, quando o vocalista Davi Ferreira junto com o baterista Leonardo Vargas de Moura fundaram o Korvo Punk. Ambos estavam no terceiro ano do ensino médio. O repertório inicial era composto por Ramones, Nirvana, The Offspring, Titãs e algumas músicas próprias. No ano seguinte a banda passou a chamar Comedores de Lixo.

Em 2003, percebeu-se que o nome Comedores de Lixo não era muito atrativo. Com a entrada do baixista Renato Rezende (o “Ratu”), a banda passou a chamar Subefeito e o nome “Comedores de Lixo” passou a ser o título do primeiro álbum, gravado no Estúdio Caraíva Music em Juiz de Fora – MG. A produção foi independente e teve grande colaboração do estúdio. O resultado surpreendeu: um álbum com qualidade profissional produzido com apenas três dias de gravações.

O álbum “Comedores de Lixo” não tem uma influência específica. Ele se aproxima do punk tradicional com letras que falam de protesto direto como na música “Hierarquia”, que falam do cotidiano da pobreza como em “História Parecida” e “Diversão de Crianças”, da corrupção como em “Malandros”, e do tempo como em “Passando o Tempo”. O som é cru, mas bem executado, bem timbrado e bem gravado. Foi o ponto de partida para a divulgação da banda e para as próximas composições e gravações. O resultado serviu de grande motivação.

Em 2004, o baterista Leonardo Vargas de Moura deixou a banda. Porém, produziu o design da capa dos três álbuns do Subefeito.

Em 2005, a banda foi contemplada com a Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Juiz de Fora – MG. Os recursos possibilitaram a prensagem do primeiro CD e a produção do segundo disco: o “Parque de Exposições”. Desta vez com Anderson Costa no baixo e Arthur Carneiro na bateria. Gravação, mixagem e masterização por Rodrigo Itaboray.

O álbum “Parque de Exposições” teve muito mais recursos para ser produzido do que o álbum anterior, já que havia dinheiro da Lei de Incentivo à Cultura. Em vez de três dias, o processo de gravação durou cerca de quatro meses. A qualidade atingiu o nível profissional das grandes bandas de rock. O tema das letras se diversificou. Além do protesto, a auto ajuda para vencer os problemas da vida está presente em músicas como “Escola do Erro”, a ilusão das drogas em “Artificial”, o lado conceitual das relações políticas em “Poder”, o sarcasmo e crítica à corrupção em “Dr. Político da Patifaria”. Só não sobrou dinheiro para o “jabá”.

Em 2006, Subefeito gravou o videoclipe da música “Dr. Político da Patifaria”: https://youtu.be/UEUUkGD1AX0 . O clipe escancara o comportamento dos políticos corruptos. Num primeiro momento mostra o personagem principal fazendo promessas à população pobre. Em seguida, gastando o dinheiro do povo com prostitutas, drogas e luxúria. O clipe foi exibido no Programa Descarga MTV em 2009 pelo, então apresentador, Marcos Mion… e deu “pano pra manga”: https://youtu.be/-aH5wOJ394M

Entre 2008 e 2013, Subefeito fez várias apresentações em Juiz de Fora e entorno, além de apresentações no Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O trabalho sempre foi mantido com muito esforço e de forma independente. Houve várias mudanças na formação, mas a banda nunca deixou de ensaiar.

Foi a partir de 2013 que o Subefeito começou a planejar o terceiro álbum. O vocalista Davi Ferreira reuniu letras antigas que não haviam sido gravadas e compôs outras cinco músicas, além de uma pareceria com Eduardo de Andrade Pereira e Gabriel Costa Novo Pimenta Brandão na música “Reptilianos”. O resultado do disco foi a evolução e maturidade musical da banda. A nova formação conta com Anderson Costa no baixo, remanescente do segundo disco, e Aprígio Neto na bateria. Junto com Davi Ferreira na guitarra e voz, gravaram o álbum “Dizer o que tem que ser dito”, lançado em junho de 2015. A banda ainda contou com Cássio Abex, na outra guitarra, nos shows ao vivo.

Em 2016, agora como power trio: Davi Ferreira, Anderson Costa e Aprígio Neto, Subefeito lança o clipe Reptilianos, uma animação: https://youtu.be/MtObqfmtYtc

Com direito a naves espaciais, viagem entre galáxias e Ets que babam, o clipe “Reptilianos” da banda Subefeito usa uma invasão alienígena surreal para fazer analogia à influência da TV no comportamento das pessoas. Os reptilianos vêm de uma galáxia distante até a terra. Após conseguirem controlar o sinal das emissoras de TV, a invasão começa. Com os seus tentáculos, eles sugam o cérebro das pessoas através da tela das televisões. Para saber o final, só assistindo.

Contato da banda: www.subefeito.com

By: Davi Ferreira