Qual será nossa relevância no mundo depois da inteligência artificial?

Quando eu tinha 15 anos, eu li uma peça que eu guardo até hoje entre meus livros,The Night Thoreau Spent in Jail. A tradução seria “A noite que Thoreau passou na cadeia.”. Trata-se de uma relato breve da vida de David Henry Thoreau, pensador americano.

Nesta época eu mantinha um caderninho com anotações das melhores frases que eu ouvia, escritas com canetas coloridas. Levava ele para todo lugar, até que um dia ele se perdeu.

A única frase se manteve viva na minha mente, anos após anos, que eu escrevi neste caderninho foi a frase vinda deste livro, era algo assim:

Money is merely money

you can never spend a thought

while making others rich

“Dinheiro é apenas dinheiro, você nunca pode gastar um pensamento, enquanto ainda faz outros ricos”.

Achei aquilo fabuloso.

Mau sabia eu o quanto essa frase influenciaria a minha vida no futuro. Foi neste momento que nasceu o meu amor pelo teatro e depois me tornei atriz e foi também neste momento em que um dos maiores valores que eu carrego, se infiltrou no meu ser: Seu maior bem na terra é o seu conhecimento.

Acreditei muito nisso profundamente, e até hoje dedico a maior parte do meu outro maior bem, O MEU TEMPO adquirindo conhecimento.

Nos definimos como ser, através da nossa inteligência.

Nós humanos, gostamos da nossa inteligência. Usamos isso para justificar a nossa “divindade” aqui na terra. Gostamos de nos gabar em ser os seres mais inteligentes pisando neste mundo. Alguns pensam até mesmo que somos tão especiais que somente nós, entre todos os seres vivos na terra, somos os que possuem uma alma. E só de pensar que exista uma inteligência superior à nossa em algum outro lugar do universo, ficamos com calafrios.

Somos tão inteligentes que nossa inteligência  nos permitiu dominar o mundo.

Mas essa exclusividade está prestes a mudar. Aliás, está bem ali na esquina um ser mais capaz intelectualmente do que nós. E o que é mais interessante é que nós somos criadores deste ser. o A.I. (Artificial Intelligence). Inteligência artificial.

A realidade que se aproxima.

Não se assuntem, não estou falando de nenhuma teoria da conspiração apocalítica técnológica. Nem de robos tentando exterminar a humanidade. Estou falando de algo pior que isso. Estou falando da exterminação da nossa relevância dentro do mercado. 

Não se iludam, não existe nada mais importante nas nossas vidas no mundo de hoje do que o MERCADO.

Nem a política é tão importante. Quer uma prova?

A maior transformação na vida das pessoas nas últimas décadas foi o que? A INTERNET. 

A internet revolucionou nossa vida de forma tão intrínseca que hoje mau podemos imaginar uma vida sem ela. Nós nos relacionamos, pagamos conta, fazemos compras, geramos negócios, adquirimos e compartilharmos conhecimento, nos divertimos, e muito mais através da internet. Agora me responde, durante a criação da internet alguém te perguntou se ela deveria ou não ser construída? Perguntaram para algum governo?

NÃO.

É uma decisão de quem?

Então a decisão foi de quem, a respeito de como e quando essa nova tecnologia deveria ser usada?

De algumas poucas mentes brilhantes do MERCADO.

Então não se iluda. Não importa se você é de direita ou esquerda, se você é católico ou budista, se você estuda filosofia ou dorme o dia inteiro, seu destino está completamente ligado ao mercado.

E pra ficar mais claro ainda, independente de quem você seja, você come certo? O que significa que ou você tem terra e planta o que comer ou que como todos nós você trabalha para gerar uma renda.

Agora, que muitas pessoas já perderam seu emprego por conta da tecnologia não é segredo pra ninguém, principalmente em se tratando de trabalho braçal. Pessoas foram substituídas em linhas de montagem por máquinas e cada vez mais passamos a valorizar trabalhos que envolvem alguma habilidade intelectual, ou seja se você estudar e dominar alguma área de inteligência nenhuma máquina irá substituir você. Será?

 

Já está acontecendo

Vou citar apenas um exemplo tecnologias que já está disponível no mercado, e que irá ajudar a moldar um novo mundo.

A primeira delas já está em operação. Carros que dirigem sozinhos já estão sendo comercializados para aqueles que tem bastante dinheiro para desfrutar deste conforto, em 2017. Porém, a expectativa é de que existam mais de 10 milhões de carros na rua até 2020 desse tipo, e eles serão cada vez mais acessível.

Se você fizer uma comparação simples com os Smartphones verá que estas mudanças acontecem rapidamente. Eu me lembro de comprar o meu primeiro telefone celular em 1999. Ainda neste período ele era somente um telefone, não fazia nada além de ligações. Em menos de 10 anos, estes aparelhos não existiam mais e deram espaço para os smartphones que faziam tudo, tirava foto, tinha uma agenda, você enviava mensagens, conversava em redes sociais era uma maravilha.

Nos habituamos tanto à eles que não sabemos mais viver sem eles.

Agora o mais assustador de tudo isso é perceber que as crianças de hoje não sabem fazer uma ligação em um telefone de discar. Não conseguem nem mesmo entender pra que serve esse trambolho com uma rodinha cheia de números, veja o vídeo abaixo:

 

 

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Engraçado?

Pode até ser, mas o que isso realmente significa? Que nossas próximas gerações provavelmente também não saberão como dirigir um carro, afinal quem vai precisar saber dirigir um?

E assim como somos complemente dependentes do nosso celular para diversas atividades diárias (quantos telefones você tem decorado?), seremos também dependentes destes carros inteligentes para nos locomover. Será que o uber tem planos para esse novo mercado? Onde não precisaremos mais de motoristas? E  mais importante do que isso, será que estes milhões de motoristas felizes do Uber estão preparados para o desemprego novamente? E quem decide as regras de imenso jogo? O MERCADO.

O que é engraçado mesmo?

Nada.

Nossa memória já não é mais a mesma!

Estamos cada vez mais burros enquanto o mercado constrói computadores cada vez mais inteligentes, e onde isso vai chegar? Provavelmente quem se tornará completamente dispensável somos nós. O mercado em breve não vai precisar mais da inteligência limitada humana para gerar lucro. Mas ainda assim vai precisar do nosso dinheiro, certo? Que tipo de trabalho o mercado vai nos proporcionar? Que tipo de trabalho vai sobrar? Quão relevante precisamos nos tornar para garantir um espaço confortável nessa nova sociedade?

Você sabia que hoje em dia os países que ainda sofrem com a fome não é por falta da capacidade de produção de alimento no mundo, e sim porque algum mercado ou governo decidiu que eles viveriam na miséria? 

Sim, isso é uma decisão pensada. Não se iluda. Pensada por quem? Pelo mercado.

E qual o único interesse do tal mercado? O LUCRO. Somente isso. Você não importa, eu não importo, esse post não importa, nada importa, somente o lucro. E te digo mais, não adianta lutar contra, o mundo dos humanos sempre foi assim. SEMPRE.

O lucro reina!

Impostos existem desde antes de haver dinheiro, tribos pagavam impostos com conchas. Já era o principio do mercado aflorando na humanidade, que impulsionou o homem a incríveis descobertas e realizações, e que agora está pela primeira vez na nossa história investindo em criar algo superior à si mesmo, que pode colocar em cheque mate o nosso maior triunfo no mundo até hoje, a nossa inteligência.

Você está pronto para tornar-se completamente irrelevante intelectualmente?

Ou será que os computadores nunca irão realmente alcançar este status de superioridade?

Uma micro reflexão de artista

Mas nós artistas com certeza imaginamos que temos nosso espaço reservado nesta disputa com computadores inteligentíssimos, não? Afinal nosso ofício envolve a arte, criatividade, e sentimentos muito humanos…

Mais uma vez eu chamo a atenção para as inclinações do mercado. Nada é mais atraente para o mercado do que produções descartáveis, e nossa classe nem precisou enfrentar a inteligência artificial para entrar em decadência, o mercado já tratou de fazer isso. FIQUEM DE ATENTOS!